
Vida e Obra de um Escritor Alentejano
Fialho de Almeida (1857–1911) é uma das figuras literárias mais notáveis do final do século XIX em Portugal e um dos grandes nomes associados à freguesia de Vila de Frades, onde viveu parte significativa da sua vida e onde deixou um legado que ainda hoje marca a identidade local.
Nascido a 7 de maio de 1857, Fialho de Almeida formou-se em medicina em Lisboa, mas foi na escrita que encontrou o seu verdadeiro campo de expressão. Ao longo da sua vida, destacou-se como cronista, ensaísta, contista e romancista, tendo desenvolvido uma obra profundamente crítica, marcada por um estilo mordaz, irónico e simultaneamente sensível às contradições da sociedade portuguesa da época.
Entre as suas obras mais conhecidas destacam-se:
- "Os Gatos" – uma série de crónicas satíricas e críticas sobre a sociedade portuguesa;
- "Lisboa Galante" – um olhar ácido e elegante sobre a capital;
- "O País das Uvas" – talvez a sua obra mais ligada ao Alentejo, composta por textos que retratam com realismo, humor e ternura as paisagens, os costumes e as gentes da região, com diversas referências a Vila de Frades.
Fialho de Almeida fixou-se em Vila de Frades nos últimos anos da sua vida, onde encontrou refúgio e inspiração no ambiente rural, na tradição do Vinho de Talha e na simplicidade da vida alentejana. Foi também uma figura politicamente ativa, defensor dos ideais republicanos e um crítico severo da monarquia, da Igreja e das desigualdades sociais.
Para além da sua obra literária, deixou um legado material de grande importância para a comunidade: no seu testamento, destinou parte da sua herança à construção de uma escola primária em Vila de Frades, refletindo a sensibilidade social e educativa que o movia. Este gesto marcou profundamente a história da freguesia, contribuindo para a educação e o progresso local numa época em que o acesso ao ensino era ainda limitado.
Fialho de Almeida faleceu em Vila de Frades, a 4 de março de 1911. Em sua homenagem, a freguesia preserva a sua memória através de referências patrimoniais e culturais que continuam a inspirar novas gerações.
A sua vida e obra continuam a ser motivo de orgulho para Vila de Frades, pela forma como soube unir a crítica social à riqueza da linguagem e à valorização do Alentejo profundo.