Na rua Poeta João Xavier de Matos, visualizamos um edifício solarengo que deverá remontar ao século XVIII (ou, em último caso, aos inícios do século XIX!). Trata-se da célebre habitação que chegou a acolher, no decurso do século XIX, um conceituado conselheiro e par do reino (1862) que também chegou a desempenhar as funções de deputado (1857) e de administrador geral de Beja. Nas suas proximidades, existe ainda uma horta que terá pertencido igualmente a esse oficial de nomeada.
O seu nome é Justino Máximo Baião Matoso (1799-1882). Era filho de Joaquim Matoso (amigo e protetor do célebre poeta João Xavier de Matos, sepultado na Igreja Matriz de Vila de Frades) e de Maria Vitória, e deveria ser natural de Vila Nova da Baronia (Concelho de Alvito).
Em 1825, terá contraído matrimónio com Maria José Pessanha. Deixou uma filha - Maria Luísa Infante Baião Matoso que se casaria com Tristão Guedes Correia de Queiroz, 1º marquês da Foz.
Justino Matoso teria ainda pertencido aos Cavaleiros da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa a partir de 1837.
Faleceria presumivelmente em Vila de Frades a 29 de Junho de 1882, e encontra-se sepultado num mausoléu do cemitério público da localidade. Refira-se que a sua sepultura chegou a ser posteriormente vandalizada por gente sem escrúpulos e respeito pela dignidade humana. Mesmo assim, o seu jazigo detém características que atestam a sua especificidade.
Sobre a Casa do Conselheiro, consideramos pertinente o seguinte excerto da obra de Fialho de Almeida que procede à sua caracterização:
"A Casa do fidalgo ficava no outro extremo da vila, isolada dos casebres por uma alameda de freixos enormes. À roda era a horta, e por detrás dos laranjais, o olival sem fim. (...) A casa do conselheiro mal aparecia ao fundo, com a sua linha de grandes janelas morgadias, cujas pesadas cimalhas avultavam numa faixa confusa de granito" (ALMEIDA, Fialho de - Contos, p. 111).
A habitação conta atualmente com nove varandas (ou balcões de sacada!), 3 portas de cor verde, e um portal com grades encimado por um azulejo interessante de Nossa Senhora das Dores. Pelo que apuramos ainda, a fachada é composta por alvenaria caiada de branco, destacando-se ainda frontões estilizados e urnas decorativas. O edifício parece incorporar ainda árvores seculares, e um velho tanque de pedra circular, detendo uma taça de repuxo com elementos naturalistas. Poderá ser ainda portador dum importante espólio, em termos de mobiliário e de peças de arte. Numa das dependências altas, existe a capela familiar, fechada com portas de talha exemplarmente esculpidas.
Recorde-se ainda que foi neste edifício que se achou uma janela manuelina (cujas origens desconhecemos) e que seria (re)colocada mais recentemente junto à Torre de Menagem que hoje testemunha a existência dum antigo castelo, cujos paços foram habitados pelos Gamas, condes da Vidigueira.
Referências: https://omensageirodavidigueira.blogspot.com/2014/01/a-casa-do-conselheiro-justino-matoso.html